quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Não pára!

Foi um susto: Primeiro o embrulho,
depois o nó, e então o barulho.
Uma mão segurou a outra, um tremor tomou conta do corpo.
O peito bateu, a visão sumiu. Mil palavras deixaram-me muda,
o silêncio cresceu - embora não fosse câncer.
- Pára! Não, espera!
O gosto? Amargo, doce, salgado.
A alma tornou-se multicolorida, e o sorriso não pôde ser contido.
Embriagada, senti o mundo, caleidoscópico, rodar.
E ainda roda.
- É para parar?
- Não, espera!

(LC.)

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Aborto: Caso de polícia ou de saúde pública?

Sempre que mencionado, o aborto vira polêmica. Opiniões antagônicas são formadas em relação ao tema. Há quem defenda a legalização do aborto e quem a condene. Ser defensor, contudo, não implica em dizer que é a favor do ato. O argumento utilizado é um só: o feto já é uma vida que fora gerada no ventre da mãe e, por mais que esta não queira dar à luz a criança, não deve tirar o mundo desta.
A Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão prega justamente o que fora citado anteriormente: todos são iguais e têm direito a vida. Além disso, há a formação religiosa envolvida na história, que carrega o princípio de que a morte do bebê não é vontade divina. No entanto, quando fala-se em legalização, a cara vira coroa.
O aborto é fato: existe e sempre existirá, independentemente do que é dito pela constituição. Portanto, para que não haja seqüelas ou mortes de mulheres, ocasionadas por infecções adquiridas pela falta de condições básicas de higiene nas clínicas clandestinas, a aprovação da lei que permite o aborto é a melhor opção. Mesmo existindo métodos contraceptivos para evitar a gravidez indesejada, nem sempre esses são eficientes, de modo que podem acontecer casos (o que é freqüente) de a mulher ser surpreendida com o BHCG positivo.
E já que estamos falando do Brasil, é relevante constatarmos que trata-se de um país extremamente desigual. Assim, as pessoas não-instruídas possuem uma taxa de natalidade muito elevada, mas as condições dos bebês são as mais precárias possíveis, pois não há a devida atuação do governo no que diz respeito aos pré-requisitos básicos para a existência de uma mínima qualidade de vida.
Há quem defenda, porém, que, mesmo com a legalização, continuarão existindo "aborteiros" clandestinos, já que muitas mulheres -- como as da high society, por exemplo -- optarão por não terem seus nomes relacionados a este tipo de ato. Argumenta-se, ainda, que é "politicamente correto" ter o bebê e dá-lo a um orfanato, pois as filas de adoção são grandes. Soma-se a isso a possibilidade de o Estado viabilizar mais métodos anticoncepcionais nos postos de saúde das comunidades, além de proporcionar campanhas educativas de sexo seguro e prevenção da gravidez indesejada.
A discussão é histórica e não é aqui que irá ser finda. Pontos de vista distintos devem ser levados em consideração. Apenas a legalização do aborto parece ser a decisão mais coerente a ser tomada, pois há o livre arbítrio: a consciência de cada um agirá por si só. Afinal, há uma república democrática em que todos têm poder de escolha, ou será um regime fechado para o povo, mas aberto ao crime clandestino?

(LC.)